Como vai o emprego...

O aquecimento do mercado de trabalho e a falta de mão de obra em alguns setores estão levando os trabalhadores a trocar mais de emprego. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o índice de pessoas que fica menos de um ano no emprego vem aumentando desde 2006. Por outro lado, cai o índice de profissionais que estão há mais de cinco anos no mesmo trabalho. Esse movimento é visível na taxa de rotatividade calculada pelo ministério, que aumentou cerca de 30% desde 2006. 

Em 2011, 19,8 milhões de trabalhadores foram desligados (demitidos ou a pedido) e outros 21,8 milhões foram admitidos, indicando que 55% do total de vagas existentes no mercado de trabalho no final de 2010 "trocou" de ocupante ao longo do ano seguinte. Esse índice, conhecido como taxa de rotatividade, era de 42% em 2006. 

Em abril de 2012, último dado disponível, 16,7% dos trabalhadores estavam no máximo há um ano no atual emprego (considerando a população ocupada em empregos formais). A fatia de profissionais nessa condição vem aumentando. Em 2006, eles eram 13,3% do total. 

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de ocupação sem carteira de trabalho assinada no setor privado passou de 14,6% para 10,5% entre os meses de abril de 2006 e deste ano, enquanto os com carteira assinada, que representavam 41,7% dos ocupados, hoje são 48,9%, na mesma comparação. 

Em abril de 2006, eles eram 41,9% dos ocupados formais, segundo o MTE. Em abril deste ano, 36,4%. "É cada vez mais raro uma pessoa fazer carreira dentro da empresa. O funcionário sobe alguns postos e consegue migrar", diz Luiz Scorzafave, professor da Faculdade de Economia da USP em Ribeirão Preto. Ele explica que um mercado de trabalho aquecido como o brasileiro permite que as pessoas estejam sempre atentas a novas oportunidades. "Baixo desemprego e pressão salarial aumentam a rotatividade." 

Entre abril de 2006 e igual mês em 2012, a taxa de rotatividade no mercado de trabalho no Brasil cresceu 29,5%. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em abril deste ano, 4,13% do total de 38,3 milhões de vagas formais passaram por um "rodízio" de profissionais nesse período - um trabalhador saiu e outro o substituiu. Em abril de 2006, essa "troca" envolveu 3,2% das vagas. 

A alta rotatividade de um trabalhador pode dificultar a sua ascensão no emprego. Isso ajuda a explicar como é na mão de obra menos qualificada - e que recebe menores salários - onde se concentra a maior parte desse rodízio. Está aumentando a fatia de trabalhadores que ganha até dois salários mínimos entre aqueles que ficam até 12 meses. Em abril deste ano, 86,5% dos trabalhadores que estavam há menos de um ano no trabalho se concentravam nessa faixa salarial. 

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